segunda-feira, 19 de julho de 2010

« QUO VADIS... PORTUGAL? »

Para onde vais... Portugal?
Depende de nós, não seguir o caminho
desta ilustração negativa

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A pergunta é pertinente e pode fazer-se em quase todas as línguas do Universo... [mesmo na língua morta do Latim, Quo Vadis... (para onde vais)]... Só o seu vocativo (Portugal) terá de ser mudado.
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Para onde vamos nesta onda avassaladora de mudanças que varre Portugal e vem na enxurrada dos mesmos males que assolam o Mundo?
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Voltando a perguntar: Para onde vais Portugal? Para a "Jangada de Pedra" que alguém imaginou ver naufragar? Para um mundo de trevas onde ninguém é alguém e somos todos súplicas?
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E não é ser pessimista ao olhar em frente e não ver luz ao fundo deste túnel onde se esconde a Face Oculta e muitas outras faces cada vez mais ocultas: a Corrupção, a Imoralidade e a Ambição desmedida, o Descontrolo Económico, que torna uns demasiado pobres e outros demasiado ricos, com um fosso entre ambos que será difícil ultrapassar se não depois de um maremoto que não deixe pedra sobre pedra?
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Onde estão as boas intenções duma União Europeia que só existe em acordos? Para onde foram as ilusões apregoadas no famoso Tratado de Lisboa? Não haverá o receio de ponderar se a imagem da ilustração desenhada, com Portugal a bater no fundo, não sairá do pesadelo de uma noite de sono agitado para se tornar numa angustiante realidade?


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Será que o colapso financeiro (e não só...) dos Estados Unidos da América eram previsíveis? Diz-se agora que sim, que já há muito vinha a mostrar a sua decadência moral, física e cívica, mas no seu deslumbramento em querer ser o espelho, polícia e condutor do Mundo, continuou até a bolha rebentar.
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E agora? Cada Nação apresenta a sua receita para medicar a epidemia que está a grassar no planeta. E serão essas receitas exequíveis se não houver um "dar as mãos"? Vê-se que é um objectivo cada vez mais difícil de alcançar e controlar, onde a união passa por questionar tudo e todos e ninguém se controla a si mesmo como é indispensável.
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Acusam-se os Governos dos males que agora afligem a Segurança Social, o bem-estar, a saúde dos povos que se tinham abrigado nos Serviços Nacionais de Saúde e que, ao abrigarem-se, muitos puxaram demasiado pela 'manta' e destaparam os pés e parte do corpo a descoberto. É que a maior parte dos que se 'abrigaram' não precisavam desse 'abrigo'. E foram aqueles que só têm no seu trabalho o pão de cada dia, que ficaram a 'descoberto' ... Ou todos julgavam que os serviços nacionais de saúde eram poços sem fundo, aos quais se recorreu para acudir a despesismos que nada tinham a ver com o fim a que se destinavam aqueles fundos?!
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Mas não é só a saúde que está doente... E o Ensino? E a Justiça? E quem julga? E a Economia? Estas são, para além de muitas outras, as perguntas que se vão fazendo por cá, no dia-a-dia, e a problemática não é de agora! Arrasta-se há décadas, com sucessivos responsáveis políticos a passarem a vida a assobiarem para o lado e a culparem as anteriores gestões que, por sua vez foram acusadas pelos que lhes sucederam!
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Este é o Portugal e o Mundo que temos e não gostaríamos de ter. É que a situação está a tornar-se muito perigosa, neste País em que acontece de bom (pouco) e de mau (muito)!
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E depois disto tudo, já não há que arrancar mais 'pensos' que tapam tantas feridas ocultas (...)
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Para onde vais, Portugal?
(QUO VADIS... Portugal?)

Talvez aqueça a alma recordar Fernando Pessoa, na Mensagem, no Poema que se segue. Portugal já passou por muitas situações de enorme preocupação e conseguiu sempre erguer-se de novo! Talvez as nossas preocupações actuais até nem sejam tão graves, como outras de outrora.


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N E V O E I R O

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Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

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Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...
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É a Hora!

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Valete, Fratres



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Fernando Pessoa,
Mensagem III - Os Tempos
10-12-1928 - Quinto: Nevoeiro