terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

« UMA ... CERTA VELHINHA ... " SÓ " »

   RETRATO  DA  AMARGURA     







 ANTÓNIO  NOBRE
António  Pereira  Nobre
POETA PORTUGUÊS
[Porto, 16/81867 - Foz do Douro, 18/3/1900] 



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  Certa Velhinha
 

1

Além, na tapada das Quatorze Cruzes,
Que triste velhinha que vae a passar!
Não leva candeia; hoje, o céu não tem luzes...
Cautella, velhinha, não vás tropeçar!

Os ventos entoam cantigas funestas,
Relampagos tingem de vermelho o Azul!
Aonde irá ella, n'uma noite d'estas,
Com vento da Barra puxado do sul?

Aonde irá ella, pastores! boieiras!
Aonde irá ella, n'uma noite assim?
Se for un phantasma, fazei-lhe fogueiras,
Se for uma bruxa, queimae-lhe alecrim!

Contava-me aquella que a tumba já cerra,
Que Nossa Senhora, quando a chama alguem,
Escolhe estas noites p'ra descer á Terra,
Porque em noites d'estas não anda ninguem...

Além, na tapada das Quatorze Cruzes,
Que linda velhinha que vem a passar!
E que olhos aquelles que parecem luzes!
Quaes velas accezas que a vêm a guiar...

Que pobre capinha que leva de rastros,
Tão velha, tão rôta! Que triste viuvez!
Mas se lhe dá vento, meu Deus! tantos astros!
É o céu estrellado vestido do envez...

Seu alvo cabello, molhado das chuvas,
Parece uma vinha de luar em flor...
Oh cabello em cachos, como cachos de uvas!

So no céu ha uvas com aquella cor...

A luz dos seus olhos é uma luz tamanha
Que ao redor espalha divino clarão!
Parece que chove luar na montanha...
Que noite de inverno que parece verão!

Além, na tapada das Quatorze Cruzes,
Velhinha tão alta que vem a chegar!
Parece uma Torre côada de luzes!
Ou antes a Torre de Marfim, a andar!

Não! Não é uma Torre côada de luzes,
Nem antes a Torre de Marfim, a andar,
Que pela tapada das Quatorze Cruzes,
N'uma noite destas, eu vejo passar...

Tambem não é, ouve, minha velha ama!
Como tu contavas, a Virgem de Luz:
Digo-te ao ouvido como ella se chama,
Mas guarda segredo, que é...
       - Jezus! Jezus!

2

Além, na tapada das Quatorze Cruzes,
Já não é a velhinha que vae a passar:
Um grande cortejo cheiinho de luzes,
Anninhas da Eira que vae a enterrar.

       Falla d'um pastor:

«Anninhas da Eira! Anninhas da Eira!
Cantae, raparigas, cantae e chorae!
Morreu, coitadinha! sorrindo, trigueira,
Como um passarinho, sem soltar um ai.

Quando era pequeno, levava-me á escola,
E quando, mais tarde, cresci e medrei,
Oh danças nas eiras, ao som da viola!
Nas danças de roda, que beijos lhe dei!

Os annos vieram, os annos passaram,
Meu fado arrastou-me, da aldeia sai:
Nunca mais meus olhos seus olhos tocaram,
Perdi-a de todo, nunca mais a vi...

E além, na tapada das Quatorze Cruzes,
N'uma noite d'estas com vento a ventar,
Ó meu Deus! é ella que vae entre luzes!
Ó meu Deus! é a Anninhas que vae a enterrar!

Olá! bons senhores, vestidos de preto,
Deixae a defunta, que a levarei eu!
O suor alagava-vos, eu levo o carreto...
O caixão de Anninhas é tambem o meu!

Tenho os relampagos, deixae-me sem velas
A rezar por ella, sob o temporal!
Cai-me no peito, cravae-m'as, procellas!
Cruzes da tapada, em forma de punhal!»

Mas os bons senhores, de preto vestidos,
Cigarros accezos, e velas na mão,
Lá passam ao vento, com sete sentidos,
Com medo que, ás vezes, não seja um ladrão...

«Mãos das ventanias! mãos das ventanias!
Tirae-lhes a Anninhas e levae-a a Deus!
Com suas mãosinhas, agora tão frias,
Irá na viagem a dizer-me adeus...

Ó vento que passas! corcel de rajada!
Assenta-nos ambos no mesmo selim:
Quero ir mais ella na longa jornada...
Quero ir com Anninhas pelo céu sem fim!

Ó Leste, que trazes as rolas, ás costas,
Quaes rolas, leva-nos aos pés do Senhor!
Quero ir como ella, assim de mãos postas...
Quero ir com Anninhas para onde ella for!

Ó Norte dos Marços! ó Sul das procellas,
Levae-nos quaes brigues, como azas, levae!
Levae-nos como aguias, levae-nos quaes velas...
Quero ir com Anninhas para onde ella vae!»

3

Além, na tapada das Quatorze Cruzes,
Que triste velhinha que vae a passar!
E que olhos aquelles que parecem luzes...
Aonde irá ella? Quem irá buscar?

António Nobre, in 'Só'






Obra que consagrou o seu autor, António Nobre, como um marco da literatura portuguesa na transição da poesia parnasiana, decadentista e neo-romântica para a poesia moderna. Este livro de poesia melancólica, em que o autor exprime o seu sofrimento e a sua dor, e no qual se destacam o fatalismo, o egotismo, o pessimismo, a exploração do macabro e as saudades da infância e da pátria, foi editado em Paris por Léon Vanier (o editor de simbolistas como Verlaine, Rimbaud, Mallarmé), em 1892, aquando da conclusão dos estudos universitários do autor, na Sorbonne. Acolhendo reacções opostas em Portugal, seria objecto de uma segunda edição, corrigida pelo autor, em 1898.

O volume gerou, desde o momento da sua publicação, pelo seu tom confessional, uma precipitada identificação entre autor e sujeito poético, numa correlação adensada pela omnipresença de um eu que reitera a sua perdição, a sua imagem de poeta amaldiçoado, a sua visceral melancolia. 

Ungida, aquando desta reedição, como modelo de uma estética romântica reinventada no fim-de-século, tornar-se-ia, como o póstumo Primeiros Versos, um "breviário de almas desfalecidas, da legião melancólica e neurasténica dos que perderam a fé" (cf. BRANDÃO, Júlio - prefácio a Primeiros Versos, 2.ª ed., Porto, 1937). 

Com efeito, Só dava voz a um pessimismo de fim-de-século que, adensado, no caso português, por um vencidismo adensado por uma humilhação histórica, eivava uma atmosfera decadentista vagamente melancólica de um Portugal perdido, saudosamente entrevisto nas páginas de Garrett ("Garrett da minha paixão") ou num Portugal da infância, duplamente amado na distância do exílio e do tempo. 

Ao lado desta aparência de lirismo ingénuo, passava a profunda inovação poética de Só que, conciliando singularmente rigor métrico e coloquialismo, pulverizando um sujeito poético que narcisicamente se ficciona nas imagens fragmentárias da memória, faria dele um precursor do modernismo, com visíveis nexos de continuidade, por exemplo, em Mário de Sá-Carneiro.







Legenda:

Foto da Velhinha: do blog Lusibero (clicar)
Outras imagens: Google

{O Poema não obedece ao Acordo Ortográfico}

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

« HOMENAGEM ao NASCIMENTO de ALMEIDA GARRETT »

 Estátua de Almeida Garrett localizada na Praça da Liberdade
na cidade do Porto 
 Portugal


 ALMEIDA  GARRETT
[Escritor, Dramaturgo, Poeta e Político]
(1799-1854)




João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett

Escritor e Dramaturgo romântico, foi o proponente da edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e da criação do Conservatório.

 
Nasceu no Porto, em 4 de Fevereiro de 1799;
morreu em Lisboa em 9 de Dezembro de 1854.




Filho segundo do selador-mor da Alfândega do Porto, acompanhou a família quando esta se refugiou nos Açores, onde tinha propriedades, fugindo da segunda invasão francesa, realizada pelo exército comandado pelo marechal Soult que entrando em Portugal por Chaves se dirigiu para o Porto, ocupando-o.

Passou a adolescência na ilha Terceira, tendo sido destinado à vida eclesiástica, devendo entrar na Ordem de Cristo, por intermédio do tio paterno, Frei Alexandre da Sagrada Família, bispo de Malaca e depois de Angra. 

Em 1816, tendo regressado a Portugal, inscreveu-se na Universidade, na Faculdade de Leis, sendo aí que entrou em contacto com os ideais liberais. Em Coimbra, organiza uma loja maçónica, que será frequentada por alunos da Universidade como  Manuel Passos. Em 1818, começa a usar o apelido Almeida Garrett, assim como toda a sua família.

Participa entusiasticamente na revolução de 1820, de que parece ter tido conhecimento atempado, como parece provar a poesia As férias, escrita em 1819. Enquanto dirigente estudantil e orador defende o vintismo com ardor escrevendo um Hino Patriótico recitado no Teatro de São João. Em 1821, funda a Sociedade dos Jardineiros, e volta aos Açores numa viagem de possível motivação maçónica. De regresso ao Continente, estabelece-se em Lisboa, onde continua a publicar escritos patrióticos. Concluindo a Licenciatura em Novembro deste ano.

Em Coimbra publica o poema libertino O Retrato de Vénus, que lhe vale ser acusado de materialista e ateu, assim como de «abuso da liberdade de imprensa», de que será absolvido em 1822. Torna-se secretário particular de Silva Carvalho, secretário de estado dos Negócios do Reino, ingressando em Agosto na respectiva secretaria, com o lugar de chefe de repartição da instrução pública. No fim do ano, em 11 de Novembro, casa com Luísa Midosi.

A Vilafrancada, o golpe militar de D. Miguel que, em 1823, acaba com a primeira experiência liberal em Portugal, leva-o para o exílio. Estabelece-se em Março de 1824 no Havre, cidade portuária francesa na foz do Sena, mas em Dezembro está desempregado, o que o leva a ir viver para Paris. Não lhe sendo permitido o regresso a Portugal, volta ao seu antigo emprego no Havre. Em 1826 está de volta a Paris, para ir trabalhar na livraria Aillaud. A mulher regressa a Portugal. 

É amnistiado após a morte de D. João VI, regressando com os últimos emigrados, após a outorga da Carta Constitucional, reocupando em Agosto o seu lugar na Secretaria de Estado. Em Outubro começa a editar «O Português, diário político, literário e comercial», sendo preso em finais do ano seguinte. Libertado, volta ao exílio em Junho de 1828, devido ao restabelecimento do regime absoluto por D. Miguel. De 1828 a Dezembro de 1831 vive em Inglaterra, indo depois para França, onde se integra num batalhão de caçadores, e mais tarde, em 1832, para os Açores integrado na expedição comandada por D. Pedro IV. Nos Açores transfere-se para o corpo académico, sendo mais tarde chamado, por Mouzinho da Silveira, para a Secretaria de Estado do Reino. 

Participa na expedição liberal que desembarca no Mindelo e ocupa o Porto em Julho de 1832. No Porto, é reintegrado como oficial na secretaria de estado do Reino, acumulando com o trabalho na comissão encarregada do projecto de criação do Códigos Criminal e Comercial. Em Novembro parte com Palmela para uma missão a várias cortes europeias, mas a missão é dissolvida em Janeiro e Almeida Garrett vence abandonado em Inglaterra, indo para Paris onde se encontra com a mulher. Só com a ocupação de Lisboa em Julho de 1833, consegue apoio para o seu regresso, que acontece em Outubro. Em Novembro é nomeado secretário da comissão de reforma geral dos estudos. Em Fevereiro do ano seguinte é nomeado cônsul-geral e encarregado de negócios na Bélgica, onde chega em Junho, mas é de novo abandonado pelo governo. Regressa a Portugal em princípios de 1835, regressando ao seu posto em Maio. Estava em Paris, em tratamento, quando foi substituído sem aviso prévio na embaixada belga. Nomeado embaixador na Dinamarca, é demitido antes mesmo de abandonar a Bélgica.

Estes sucessivos abandonos por parte dos governos cartistas, levam-no a envolver-se com o Setembrismo, dando assim origem à sua carreira parlamentar. Logo em 28 de Setembro de 1836 é incumbido de apresentar uma proposta para o teatro nacional, o que faz propondo a organização de uma Inspecção-Geral dos Teatros, a edificação do Teatro D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática. Os anos de 1837 e 1838, são preenchidos nas discussões políticas que levarão à aprovação da Constituição de 1838, e na renovação do teatro nacional.

Em 20 de Dezembro é nomeado cronista-mor do Reino, organizando logo no princípio de 1839 um curso de leituras públicas de História. No ano seguinte o curso versa a «história política, literária e científica de Portugal no século XVI».

Em 15 de Julho de 1841 ataca violentamente o ministro António José d'Ávila, num discurso a propósito da Lei da Décima, o que implica a sua passagem para a oposição, e o leva à demissão de todos os seus cargos públicos. Em 1842, opõem-se à restauração da Carta proclamada no Porto por Costa Cabral. Eleito deputado nas eleições para a nova Câmara dos Deputados cartista, recusa qualquer nomeação para as comissões parlamentares, como toda a esquerda parlamentar. No ano seguinte ataca violentamente o governo cabralista, que compara ao absolutista. 

É neste ano de 1843 que começou a publicar, na Revista Universal Lisbonense, as Viagens na Minha Terra, descrevendo a viagem ao vale de Santarém começada em 17 de Julho. Anteriormente, em 6 de Maio, tinha lido no Conservatório Nacional uma memória em que apresentou a peça de teatro Frei Luís de Sousa, fazendo a primeira leitura do drama.

Continuando a sua oposição ao Cabralismo, participa na Associação Eleitoral, dirigida por Sá da Bandeira, assim como nas eleições de 1845, onde foi um dos 15 membros da minoria da oposição na nova Câmara. Em 17 de Janeiro de 1846, proferiu um discurso em que considerava a minoria como representante da «grande nação dos oprimidos», pedido em 7 de Maio a demissão do governo, e em Junho a convocação de novas Cortes. 

Com o despoletar da revolução da Maria da Fonte, e da Guerra Civil da Patuleia, Almeida Garrett que apoia o movimento, tem que passar a andar escondido, reaparecendo em Junho, com a assinatura da Convenção do Gramido.

Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett é afastado da vida política, até 1852. Em 1849, passa uma breve temporada em casa de Alexandre Herculano, na Ajuda. Em 1850, subscreve com mais de 50 outras personalidades um Protesto contra a Proposta sobre a Liberdade de Imprensa, mais conhecida por «lei das rolhas». Costa Cabral nomeia-o, em Dezembro,  para a comissão do monumento a D. Pedro IV

Com o fim do Cabralismo e o começo da Regeneração,  em 1851, Almeida Garrett é consagrado oficialmente. É nomeado sucessivamente para a redacção das instruções ao projecto da lei eleitoral, como plenipotenciário nas negociações com a Santa Sé, para a comissão de reforma da Academia das Ciências, vogal na comissão das bases da lei eleitoral, e na comissão de reorganização dos serviços públicos, para além de vogal do Conselho Ultramarino, e de estar encarregado da redacção do que irá ser o  Acto  Adicional à Carta. Em 25 de Junho é agraciado com o título de Visconde, em duas vidas.

Em 1852 é eleito novamente deputado, e de 4 a 17 de Agosto será ministro dos Negócios Estrangeiros. A sua última intervenção no Parlamento será  em Março de 1854 em ataca o governo na pessoa de Rodrigo de Fonseca Magalhães.

Morre devido a um cancro de origem hepática, tendo sido sepultado no Cemitério dos Prazeres.





 Na cidade do Porto, na Rua Dr. Barbosa de Castro, nº 37, outrora Rua do Calvário (1679-1920), situa-se este prédio onde nasceu Almeida Garrett



Grande plano da placa comemorativa que entaipou uma janela para dar lugar à escultura evocativa da data e local do nascimento do Poeta



NOTA de FECHO:

A cidade do Porto soube perpetuar a memória da casa onde Almeida Garret nasceu. Lamentavelmente, Lisboa tem de envergonhar-se porque desprezou a preservação do edifício onde o Poeta faleceu, na Rua Saraiva de Carvalho, nº 68 , no Bairro de Campo de Ourique.

As autoridades camarárias e o proprietário do prédio - um Ministro da Economia da altura, em 2005 -, foram insensíveis às inúmeras petições de populares e de intelectuais de vulto, para se poupar o prédio à demolição!

A ganância do lucro imobiliário e a força do camartelo, foram maiores do que os superiores interesses da identidade cultural lisboeta.




Fotos: Selecionadas na Net
Texto: Organizado com o apoio do Dicionário de História 
           de Joel Serrão e da História da Literatura de Óscar
            Lopes.


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

DUAS GERAÇÕES SEM CONFLITOS: ADAMO & ISABELLE BOULAY

 SALVATORE  ADAMO



Salvatore Adamo (nascido em 01 de novembro de 1943 em Comiso, na Sicília, Itália) é um dos cantores de maior sucesso comercial na Europa. 

Adamo já vendeu mais de 100 milhões de cópias de seus álbuns em todo o mundo.
 
Seu primeiro sucesso foi "Sans toi, ma mie", em 1963, seguido de "Tombe la neige", "Vous permettez, Monsieur", "Les filles du bord de mer", "Mes mains sur tes hanches", "La nuit", "Inch'Allah" e "C'est ma vie". 

No Brasil, seu maior sucesso foi "F...Comme Femme".
 
Na década de 1980, a carreira de Adamo vacilou. Entretanto, em 1992 lançou um novo álbum, "Rêveur de fonds", que foi muito elogiado pela crítica. 

Com a popularidade em alta novamente, lançou, em 1994, o disco ao vivo "C’est ma vie".
 
Atualmente, o cantor vive na Bélgica e continua a fazer vários shows.



 ISABELLE  BOULAY




Isabelle Boulay (nascida em 06 de julho de 1972, em Sainte-Félicité, Quebec, Canadá) é considerada uma das melhores cantoras da sua geração.
 
Em 1996, lançou seu primeiro álbum, "Fallait Pas", seguido por "État D'Amour", em 1998.
 
Em 2000, com "Mieux Qu'Ici-Bas", ela ganhou 2 Victoires de la Musique.
 
Em 2004, lançou o álbum "Tout Un Jour", seguido por "De Retour À La Source" (2007) e "Nos Lendemains" (2008).



No clip abaixo, a dupla interpreta "C' est ma vie ", um dos maiores sucessos de Adamo