sábado, 18 de junho de 2011

CAPITÃO de ABRIL ... da LIBERDADE... JÁ NÃO PODE FALAR

GENERAL  PEZARAT  CORREIA
Militar do 25 de Abril de 1974 do Movimento das Forças Armadas




Um marcelino qualquer censurou um artigo de Pezarat Correia, a propósito da possível nomeação de Paulo Portas como Ministro dos Negócios Estrangeiros. Como se pode ver aqui, trata-se de um escrito de pura opinião, sem derivas para assuntos de mau gosto, de um exercício da mais legítima liberdade de expressão, ainda por cima assinado por um homem de craveira intelectual (os seus livros, os seus artigos, as suas intervenções evidenciam-no) e militar do 25 de Abril. É evidente que um homem limpo não se deixa sujar por uma nódoa, e até uma nódoa pode fazer as vezes de condecoração. Mas o atrevimento de um qualquer marcelino, não deve passar sem mais.






Pezarat Correia censurado no Diário de Notícias. Vasco Lourenço comenta e transcrevemos o artigo censurado de Pezarat Correia.

 

 

por Associação 25 de Abril a Terça-feira, 14 de Junho de 2011 às 19:10
Mais papistas que o Papa? Pôr as nossas barbas de molho? Excesso de zelo?

Eis algumas das interrogações que fiz, quando tomei conhecimento que a direcção do Diário de Notícias não tinha autorizado a publicação do artigo de opinião do general Pedro de Pezarat Correia "Paulo Portas Ministro?". Nem o facto de esse artigo transcrever parte de um outro artigo do mesmo autor, publicado em 12 de Abril de 2002 no mesmo Diário de Notícias, valeu para que, desta vez, não tivesse havido censura.

Se juntarmos a este acto a carga policial sobre os "acampados" no Rossio, np sábado de reflexão (4 de Junho), mas também o convite feito pela RTP1 ao "comentador" José Eduardo Moniz para, no dia das próprias eleições, acertar contas - em seu nome pessoal e no da sua mulher - com o ainda primeiro-ministro José Sócrates, os sentimentos que expressei no início deste texto, nomeadamente os que significam "querer mostrar serviço ao chefe", poderemos perguntar: para onde caminhamos? Para onde nos querem levar? Aonde chegámos já?

Vasco Lourenço

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PAULO PORTAS MINISTRO?

Ana Gomes provocou uma tempestade mediática com as suas declarações sobre Paulo Portas. Considero muito Ana Gomes, uma mulher de causas, frontal, corajosa, diplomata com muito relevantes serviços prestados a Portugal e à Humanidade. Confesso que me escapa alguma da sua argumentação contra Paulo Portas e não alcanço a invocação do exemplo de Strauss-Kahn. Mas estou com ela na sua conclusão: Paulo Portas não deve ser ministro na República Portuguesa. Partilho inteiramente a conclusão ainda que através de diferentes premissas.

Paulo Portas, enquanto ministro da Defesa Nacional de anterior governo, mentiu deliberadamente aos portugueses sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque, que serviram de pretexto para a guerra de agressão anglo-americana desencadeada em 2003. Sublinho o deliberadamente porque, não há muito tempo, num frente-a-frente televisivo, salvo erro na SIC-Notícias, a deputada do CDS Teresa Caeiro mostrou-se muito ofendida por Alfredo Barroso se ter referido a este caso exactamente nesses termos. A verdade é que Paulo Portas, regressado de uma visita de Estado aos EUA, declarou à comunicação social que “vira provas insofismáveis da existência de armas de destruição maciça no Iraque” (cito de cor mas as palavras foram muito aproximadamente estas). Ele não afirmou que lhe tinham dito que essas provas existiam. Não. Garantiu que vira as provas. Ora, como as armas não existiam logo as provas também não, Portas mentiu deliberadamente. E mentiu com dolo, visto que a mentira visava justificar o envolvimento de Portugal naquela guerra perversa e que se traduziu num desastre estratégico. A tese de que afinal Portas foi enganado não colhe. É a segunda mentira. Portas não foi enganado, enganou. Um político que usa assim, fraudulentamente, o seu cargo de Estado, não deve voltar a ser ministro.

Mas já não é a primeira vez que esgrimo argumentos pelo seu impedimento para funções ministeriais. Em 12 de Abril de 2002 publiquei um artigo no Diário de Notícias em que denunciava o insulto de Paulo Portas à Instituição Militar, quando classificou a morte em combate de Jonas Savimbi como um “assassinato”. Note-se que a UNITA assumiu claramente – e como tal fazendo o elogio do seu líder –, a sua morte em combate. Portas viria pouco depois dessas declarações a ser nomeado ministro e, por isso, escrevi naquele texto:

 «O que se estranha, porque é grave, é que o autor de tal disparate tenha sido, posteriormente, nomeado ministro da Defesa Nacional, que tutela as Forças Armadas. Para o actual ministro da Defesa Nacional, baixas em combate, de elementos combatentes, particularmente de chefes destacados, fardados e militarmente enquadrados, num cenário e teatro de guerra, em confronto com militares inimigos, também fardados e enquadrados, constituem assassinatos. Os militares portugueses sabem que, hoje, se forem enviados para cenários de guerra […] onde eventualmente se empenhem em acções que provoquem baixas, podem vir a ser considerados, pelo ministro de que dependem, como tendo participado em assassinatos. Os militares portugueses sabem que hoje, o ministro da tutela, considera as Forças Armadas uma instituição de assassinos potenciais».
 Mantenho integralmente o que então escrevi.



Um homem que, com tanta leviandade, mente e aborda assuntos fundamentais de Estado, carece de dimensão ética para ser ministro da República. Lamentavelmente já o foi uma vez. Se voltar a sê-lo, como cidadão sentir-me-ei ofendido. Como militar participante no 25 de Abril, acto fundador do regime democrático vigente, sentir-me-ei traído.

06 de Junho de 2011

PEDRO DE PEZARAT CORREIA


2 comentários:

Luisa disse...

Marcelino, pão e vinho. Um governo, uma maioria, um presidente e ele todo contente, leia-se submisso.

O DN, já não será um jornal livre e plural?

Beijinhos

César Ramos disse...

Luísa,

Parece que o DN, volta não volta, tem febres esquisitas recorrentes!

Tenho de me pôr a pau! Mas, nada deve ser estranho pois, como sempre, os poderes 'aproximam-se' dos 'media' para os controlar e deixar passar só a democracia deles!

O DN talvez seja livre, porque só o compra quem quiser; e é plural, porque as edições têm mais de dois exemplares!

Beijinhos
César