sexta-feira, 16 de abril de 2010

« OS CICLOS e RITMOS do DESTINO »

Jornada estelar
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Destino v/s Acaso
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A mesa dos sete pecados




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O homem é, no fundo, uma criatura conservadora. Pode desejar mudanças de vida e de ambiente, mas quando confrontado com qualquer alteração drástica entra em pânico. Este terror íntimo é mais forte e palpável quando a alteração se reveste da forma de catástrofe, deixando-o com a sensação de que o destino já não está nas suas mãos.
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Foi a sensação de insuficiência perante os horrores da doença, da seca, dos terramotos e das inundações, a morte de entes queridos e a sua própria morte que o levou a tentar explicar - e, se possível, evitar - esses acontecimentos, invocando a existência de forças que não são imediatamente óbvias ou mensuráveis.
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Muitas das forças em que o homem passou a acreditar como explicação e panaceia de situações desagradáveis são de natureza rítmica e cíclica, e todas elas controversas. Pensa-se por exemplo, que os biorritmos funcionam ciclicamente no nosso corpo e cérebro, controlando a performance física, emocional e intelectual, enquanto a técnica do biofeedback aspira a conferir-nos poderes sobre as actividades rítmicas do cérebro, apetrechando-nos com aparelhagem para registo da nossa fisiologia íntima.
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A arte médica da acupunctura baseia-se na antiga crença de que a energia que nos imbui de vida circula pelo corpo uma vez em 24 horas. Tanto o ciclo diário como o anual são a essência da astrologia, outra das artes mais antigas do homem, e é para os céus que olhamos quando tentamos usar os ciclos das manchas solares para explicar o padrão cíclico do campo terrestre.
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A crença nestes ciclos e ritmos implica grande capacidade de fé, porque, necessariamente, não podem ser medidos pela ciência. Essa fé em forças rítmicas e cíclicas, é quase tão velha como o próprio homem, visto que este foi sempre vitimado e destruído por catástrofes naturais.
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A atitude que hoje adoptamos pode ser a de não se poder esperar nada de mais preciso do homem pré-científico e de o homem moderno saber melhor. Podemos olhar essas forças com cepticismo misturado talvez com uma sensação sub-reptícia de que alguma verdade há nelas ou podemos optar pela ideia de que os antigos é que estavam certos, que as armadilhas da vida moderna nos cegaram para a potência dessas forças rítmicas e que ainda há muita coisa para descobrir.
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Onde estará a razão? Serão as nossas vidas determinadas pelos movimentos celestes cíclicos, conforme interpretados pelos astrólogos, ou reagimos aos nossos biorritmos internos determinados, como as influências astrológicas, pelo dia do nosso nascimento? As catástrofes naturais dependerão do fluxo e refluxo das manchas solares? Poderá o cancro ser curado pela acupunctura, que altera o fluxo cíclico da energia do corpo? E poderão as nossas ondas cerebrais eléctricas rítmicas ser controladas de modo a libertar-nos da ansiedade e do stress?
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A resposta à maior parte das questões é que não sabemos.
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Mas como algumas dessas forças rítmicas fizeram parte da crença humana durante tantos séculos e como constituem, para muitos, uma parte em evolução da medicina e psicologia modernas, vale a pena examiná-las a fundo.
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No estudo dos factos rítmicos ou cíclicos, particularmente nos que parecem ter uma componente mística, emprega-se muitas vezes a prova estatística para apoiar ou desmentir uma teoria. Cada vez que nos meios de comunicação nos dizem existir uma tendência neste ou naquele sentido, estamos a colher os resultados dos métodos estatísticos.
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O problema com tais estatísticas é a sua interpretação precisa. Um céptico diria que, com a estatística, tudo se pode provar ou negar. Assim, quando tentamos compreender se são reais factos rítmicos e cíclicos misteriosos e nos apresentam provas estatísticas, temos de ter tanta cautela com os números como com os fenómenos.





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- Fotos seleccionadas na Net.
- Texto baseado na consulta de trabalhos de
Carl Sagan e do Prof. Edward S. Ayensu.

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