sábado, 18 de setembro de 2010

« O ÚLTIMO DOS CAVALOS SELVAGENS: ' PRZEWALSKI ' »

Pintura rupestre numa gruta da Ásia, representando a espécie cavalar a que milhares de anos depois se denominou " Przewalski "

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Coronel Russo Nicolai Przewalski (1839 - 1888) que descobriu esta 'nova' espécie de cavalos em 1881 nas suas explorações pela Mongólia e Noroeste da China. Estes animais foram perseguidos pela actividade da Caça devido à qualidade da sua carne, não tendo sido nunca utilizados como animais de sela, ou de tracção, devido à sua 'personalidade' indomável

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Exemplares da raça cavalar "Przewalski "
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..Um Amor que vem da Pré-História

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O cavalo-de-Przewalski, descrito em 1879 pelo coronel Przewalski na sua viagem de regressa da Mongólia, pertence à família dos equídeos que também englobam as zebras e os burros selvagens.

Ao contrário de outros cavalos como os Mustang (nascidos como animais domésticos e depois voltados ao seu estado selvagem), estes nunca foram domesticados.

Este pormenor faz com que esta espécie de cavalos seja reconhecida como a única espécie selvagem no mundo.

Há milhares de anos, esta espécie de cavalos corriam livremente nas zonas da Ásia Central e da Europa (como demonstram as pinturas famosas e rupestres do sul da França e do norte de Espanha).

Já há muitos anos que este cavalo não se encontra em liberdade em nenhuma zona da Europa. Os últimos foram observados nos anos 70 em Dzungaria (Mongólia).

As organizações internacionais de conservação da Natureza consideram o cavalo-de-Przewalski como uma das espécies mais ameaçadas do mundo. Graças a estas associações, a espécie pôde ser salva da extinção. Mas, actualmente, infelizmente, não encontramos nenhum exemplar sem ser em cativeiro.

Este modo de vida põe em grave perigo o futuro desta espécie de cavalos. Por isso, estão a ser elaborados planos de reintegração desta espécie para que possam estar em liberdade, principalmente na Mongólia e na China, apesar de estes projectos serem difíceis de realizar e demorarem muito tempo a serem iniciados.

O cavalo-de-Przewalski difere geneticamente do cavalo domesticado porque tem sessenta e seis cromossomas e não sessenta e quatro. A sua aparência revela vários detalhes “primitivos”: Uma cabeça grande (que não está proporcionada ao resto do corpo), os seus olhos estão colocados em altura, as suas orelhas são largas, um pescoço espesso e um corpo compacto onde se destacam as patas, que são proporcionalmente mais curtas.

Ninguém conseguiu alguma vez montá-lo ou domá-lo.

O cavalo-de-Przewalski é capaz de sobreviver com pequenas rações e pode aguentar temperaturas muito quentes e muito frias.


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Entretanto, no programa orientado para impedir a sua extinção, Portugal acolheu quatro cavalos selvagens que seguiram para o Alentejo, com destino à coudelaria de Alter do Chão.
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Vieram da China e da Inglaterra. A 'Suzannah' é uma égua de 17 anos. O 'Desejado' é seu filho e nasceu o ano passado. O 'Brasão' é o outro selvagem do reduzido grupo de Alter.
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O grupo que inicialmente foi colocado no Alentejo incluía as fêmeas 'Suzannah', 'Mo', 'Virgínia' e o macho 'Sirano'.
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Desse grupo restam 'Suzannah' e 'Sirano'. Nestes dez anos em Portugal nasceram dez crias, incluindo dois nado-mortos. Uns morreram. Outros foram conduzidos para Espanha.
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A vinda para o nosso país fez-se ao abrigo do Programa Europeu de Reprodução, conduzido pela Associação Europeia de Jardins Zoológicos e Aquários.
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A coudelaria de Alter do Chão candidatou-se a participar nesse programa com vista a perpetuar a espécie de "Przewalski". No entanto, os quatro cavalos selvagens vivem no Alentejo, mas não se sabe até quando porque, a reprodução não correu como se desejava e como era lícito supor.
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Isto significa que, estes cavalos tendem também a desaparecer do território português (...)
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Diz-se que o antepassado selvagem dos actuais cavalos domésticos pertenceram, exactamente, à família dos "Przewalski" e foram declarados extintos no decorrer do Século XIX.
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O último - que estava em cativeiro -, morreu em 1909 num jardim zoológico da Rússia.
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Apesar de todas as dificuldades que este animais atravessaram ao longo dos milénios, incluíndo as perseguições dos depredadores da caça, estes heróicos animais conseguiram chegar aos nossos dias como passagem do testemunho dos homens do Paleolítico que nos transmitiram por via da Arte - Pinturas Rupestres -, a existência destes seres cheios de dignidade... que nunca se deixaram dominar por ninguém (...)






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"OBRIGADO"










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Fotos in: Net

Parte do texto, adaptado do
"O Zoófilo", Orgão Oficial da
Sociedade Protectora dos Animais
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de que o Autor do Blogue é Sócio.


4 comentários:

Clube Europeu ESJAL disse...

Os cavalos são sempre muito nobres! Os burros, no meu entender, também! Mas os cavalos selvagens, ça c'est une autre chose!
E agora lembrei-me: " Quando alguém nasce, nasce selvagem./ Não é de ninguém!"

trepadeira disse...

Todos os animais tem direito à vida.Uns não são mais nobres do que outros,incluidos os humanos.
Os mais nobres ou menos nobres faz-me sempre lembrar aquele artigo do RDM (regulamento de disciplina militar) "o sargento da companhia deverá saber ler e escrever porque o capitão pode ser nobre e não saber".
Perdurou até há bem pouco tempo.Qualquer dia teremos de aplicar algo semelhante ao poder.
Um abraço,
mário

César Ramos disse...

Swt,

Lembrou-se, e bem. Os DELFINS cantaram isso com muito êxito!

Uma simples curiosidade histórica e estatística do Jornal de Notícias: " A população cavalar na Europa diminui à medida que o automobilismo se desenvolve.
Em 1914 era de 43 milhões, acusando no ano passado as estatísticas, apenas 35 milhões!...

Corria o ano de 1927, aos 31 de Maio."

César Ramos disse...

Olá Mário,

Em boa verdade, a Oficialada da tropa viu-se sempre às 'aranhas' sem o apoio dos Sargentos!

Nem sei se foi por isso que criaram o posto de Sargento Ajudante!

Se calhar, está a caminho da razão em relação à aplicação de algo similar ao poder: então não anda por aí, um doutor, candidato à presidência, chamado Nobre?!

[desculpe-me a brincadeira]

É um humano, tem direito à vida, e, nós... também!

Um abraço
César